Formado por imigrantes italianos, ganhou importância histórica como um dos “bairros” mais tradicionais da capital paulista. Porém, o bairro do Bexiga ou Bixiga não existe oficialmente. Na verdade é uma demarcação geográfica do subdistrito conhecido, desde 1910, como Bela Vista. A origem do nome é herança de uma Chácara, pertencido a Antonio José Leite Braga. Na ausência do proprietário, a chácara era usada para abrigar os escravos fugitivos e pessoas de quarentena portadoras da varíola (ou bexiga, como era conhecida popularmente a doença na época). Inclusive ao que parece, Antônio Bexiga ganhou esse apelido porque também fora vítima desta epidemia. Uma outra provável explicação do nome, pode ter sido originada pela fala popular. Para tirar o sentido pejorativo do apelido dado ao bairro, os moradores mudaram a grafia de Bexiga para Bixiga. Outra explicação para a grafia seria uma adaptação ao jeito coloquial de se falar pelos italianos. Por volta de 1870, fatores externos, econômicos e sociais fizeram com que São Paulo começasse a crescer. Aproveitando dessa "febre de urbanização", Antonio José Leite Braga, proprietário da Chácara do Bexiga, resolveu lotear parte da chácara. A área localizava-se mais ou menos, entre as ruas Abolição e 13 de Maio, e entre Avenida Brigadeiro Luiz Antônio e Santo Antônio. O loteamento foi inaugurado em primeiro de outubro de 1878, com a presença do Imperador Dom Pedro II, que visitava a cidade de São Paulo, pela terceira vez. Nos anos 70, os italianos buscavam melhores condições de uma vida melhor. A Europa estava em plena revolução industrial e não havia emprego para todos. Muitos trabalhadores estavam passando fome e o Brasil estava precisando de mão-de-obra.
A princípio os imigrantes vieram para trabalhar em lavouras, porém, não se adaptaram na plantação do café no interior do estado. Muitos perceberam melhores condições na capital e se interessaram pelos pequenos lotes de terras baratos que podiam pagar. A maioria deles que eram calabreses viu no lugar a oportunidade de fazer a vida, prestando serviços de mão-de-obra especializada aos paulistanos, como os sapateiros, artesãos, padeiros, quitandeiros e etc… Então, começou a ocorrer um grande povoamento da região. Casas começaram a ser construídas e para fazer uma renda extra, eles moravam em uma parte do imóvel e alugavam os demais cômodos para acomodar outros patrícios. A partir de 1890, além dos italianos, o Bexiga também foi habitado por escravos. Após a abolição da escravatura, muitos negros fugidos de fazendas e de leilões de escravos que ocorriam no Vale do Anhangabaú, vieram para cá recomeçar suas vidas. A presença negra no bairro, não é por acaso, por isso, que a mais famosa rua do bairro se chame 13 de Maio, data da assinatura da Lei Áurea. O Bixiga estava nascendo como comunidade e adotou a todos. Trabalharam juntos, foram se socializando e aos poucos o sangue quente do italiano, se misturou à força do negro. Construíram uma nova comunidade, que era comum ver negros falando com as mãos e imigrantes fazendo batucadas. Daí a ligação do bairro com o samba, que teve, na figura do compositor Adoniran Barbosa e frequentador ilustre do reduto boêmio, um dos principais intérpretes das mazelas vivenciadas pela população humilde, trazendo na sua música bom humor e realismo. O Bixiga poderia ser somente mais um bairro, mas tem identidade própria e suas tradições italianas, que são fortemente mantidas e as inúmeras cantinas existentes no bairro, entre outros grandes atrativos turísticos.
Festa de Nossa Senhora Achiropita
A Festa em homenagem à padroeira do Bixiga, começou com a chegada dos primeiros imigrantes italianos, trazendo uma imagem da santa no início do século passado. Ela começou a ser venerada pelos fiéis em 1908 na casa de João Falcone, no número 100 da Rua 13 de Maio. Foi erguido um altar de madeira na rua que na época era de terra batida. No mês de agosto, eram celebradas missas e realizadas festas em homenagem à santa, com o objetivo de comprar um terreno para construir uma capela maior, uma vez que, o local acabou ficando pequena para abrigar toda a comunidade. Havia também uma procissão levando a imagem de N. Sra Achiropita e N. Sra da Ripalta. As sacadas eram enfeitadas com colchas e toalhas, e famílias faziam doações em dinheiro para ajudar na construção da igreja. A partir de 1975 as famílias traziam pratos doces e salgados para vender na festa, que era realizada no pátio atrás da igreja. Em 1979 a festa foi definitivamente para a rua e em 1980, firmou-se com a devida autorização da prefeitura. Os organizadores estimam, que durante os cinco finais de semana da festa, visitam mais de 250 mil pessoas vindas de São Paulo e de outros estados do Brasil. São 30 barracas e mais de mil voluntários, que trabalham para todo o dinheiro arrecadado, seja revertida para as obras assistenciais da igreja. A festa acontece todos os sábados e domingos entre os dias 5 de agosto e 3 de setembro, nas ruas 13 de Maio, São Vicente e Dr. Luiz Barreto, onde são montadas 30 barracas com longas filas de espera, que se formam para comprar as delícias massas italianas. Entre as atrações, a tradicional fogazza, preparada numa linha de produção com mais de 200 pessoas, além de outras iguarias, como o pimentão e a berinjela recheados, macarrão, polenta frita e vários tipos de doces.
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