José Francisco Borges, mais conhecido como J. Borges, natural de Bezerros, no Agreste pernambucano, onde vive e trabalha até hoje. Filho de agricultores, trabalhava desde os 10 anos na lida do campo. O gosto pela poesia o fez encontrar, nos folhetos de cordel, um substituto para os livros escolares. Cordelista há mais de 50 anos, autodidata, Borges ilustrou mais de 200 cordéis ao longo da vida. Vendia as gravuras na feira de Caruaru, quando um grupo de turistas comentou que ‘adorava xilogravuras’, foi investigar o termo e descobriu-se um xilogravurista. O artista desenha direto na madeira, sem a produção de esboços, estudos ou rascunhos. O fundo da matriz é talhado ao redor da figura que recebe aplicação de tinta, tendo como resultado um fundo branco e a imagem impressa em cor. Foi descoberto por colecionadores e marchands, que proporcionaram seu encontro com Ariano Suassuna que afirmava ser Borges o melhor do mundo. Ganhou notoriedade e foi levado aos meios acadêmicos. O artista aumentou o tamanho das gravuras, e o que inicialmente produzia apenas em preto, passou a colorir com uma técnica que ele próprio inventou. Entre todas suas xilogravuras, a sua preferida é A Chegada da Prostituta no Céu (1976). O artista popular já teve suas obras expostas em museus pelo mundo todo. China, Japão, França, Estados Unidos, Cuba, Alemanha, Suíça, Venezuela foram alguns dos lugares. Tem várias obras publicadas, livros ilustrados de xilogravuras e muitos prêmios. Considerado pelo dramaturgo Ariano Suassuna como o melhor gravador popular do Brasil. Patrimônio Vivo de Pernambuco, título concedido pelo Estado aos mestres da cultura popular pernambucana, reconhecidos como Patrimônio Imaterial.
A exposição retrata a magia de suas obras, tão
importante para o povo brasileiro e para o mundo. O público poderá conferir as 66
xilogravuras, sendo 10 obras inéditas, 10 matrizes inéditas e as 20 obras mais
importantes da sua carreira, com temas que retratam a trajetória de vida do
artista. A mostra trará ainda 2 obras assinadas por J. Miguel e Bacaro Borges,
filhos e aprendizes do artista, além da exibição de uma cinebiografia sobre
vida e obra do artista. A originalidade, irreverência e personagens imaginários
são notáveis nas suas obras. Suas xilogravuras são impressas em grande
quantidade, em diversos tamanhos, e vendidas a intelectuais, artistas e
colecionadores de arte. Dono de uma técnica própria de colorir as imagens.
Os temas mais recorrentes em seu repertório de figuras talhadas, são o
cotidiano do agreste, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, os
milagres, crimes e corrupção, os folguedos, a religiosidade, acontecimentos
políticos, fatos lendários, folclóricos, enfim todo o rico universo cultural do
povo nordestino. A poesia popular também tem lugar na exposição: um espaço
dedicado especialmente à literatura de cordel. Borges já vendeu milhares de
exemplares, sendo o artista mais celebrados da América Latina e o
xilogravurista brasileiro mais reconhecido no mundo. A xilogravura é uma arte
milenar, na qual são entalhadas formas em uma placa de madeira plana,
utilizando ferramentas como goivas e facas. Desse modo, obtém-se uma matriz,
semelhante a um carimbo. A superfície dessa matriz é entintada manualmente com
rolo ou pincel, podendo ser em cores ou preto. As partes que foram esculpidas
permanecem sem tinta, formando um baixo relevo. Então, um papel é prensado
sobre essa matriz, resultando em uma gravura impressa. Por fim, o artista
assina a punho cada obra.
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