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Origem das carrancas no Brasil
Carranca é uma escultura que surgiu nas margens do Rio São Francisco, e tem sua forma esculpida em madeira com aparência humana ou animal, sendo utilizada a princípio na proa das embarcações para chamar a atenção da população ribeirinha, quando os barcos se aproximavam no rio. Não se sabe ao certo se sua origem é negra ou ameríndia (índio americano). As primeiras referências às carrancas datam de 1888 em livros de Antônio Alves Câmara e Durval Vieira de Aguiar, e durou até o ano de 1940, quando se encerrou o ciclo das embarcações no Brasil. Alguns estudiosos mais ligados ao âmbito das teorias menos comprováveis cientificamente e de caráter mais polêmico, sustentam que esse seria um indício da passagem dos Vikings em nosso país. As carrancas seriam um costume transmitido pelos nórdicos, numa época muito anterior ao descobrimento das terras brasileiras. Com olhos esbugalhados, bocas enormes escancaradas e expressão agressiva. Em certo momento, as pessoas de forma ingênua passaram acreditar, que as esculturas tinham um significado muito importante, e que eram feitos para espantar maus espíritos, inveja e principalmente servir de amuleto protetor contra qualquer tipo de maldade. Os primeiros exemplares de que se tem notícia datam de aproximadamente 1880. Francisco Guarany destacou-se como o maior artista de carrancas. Seu trabalho foi reconhecido nacional e internacionalmente. Logo, as figuras monstruosas de madeira ocupam lugar de destaque na arte popular nordestina, pela expressividade artística e outros mitos que enriquecem o folclore impregnados de mistérios. Os principais pólos de produção e comercialização de carrancas são as cidades de Petrolina, em Pernambuco, Pirapora em Minas Gerais e Santa Maria da Vitória em Juazeiro na Bahia.
Ana das Carrancas
Desde criança já tinha intimidade com a arte, herança de sua mãe artesã com quem aprendeu a moldar e trabalhar com barro. Com 22 anos, Ana casou-se com Luiz Frutuoso da Silva, o casal teve as filhas Maria da Cruz e Ana Maria Santos Lopes. Alguns anos depois, Ana ficava viúva do primeiro marido e depois de algum tempo, já se envolvia em um novo matrimônio com José Vicente de Barros, jovem deficiente visual. Devido as dificuldades na sua cidade, resolveu buscar melhores condições de vida com família em Petrolina. Em uma de suas idas ao Rio São Francisco para lavar suas roupas, sentiu uma forte inspiração ao ver as carrancas de madeira dos barcos que aportavam às margens do rio. Além dos potes e das panelas que já fazia, Ana passou a produzir carrancas de barro em grande quantidade para serem vendidas na feira. Inicialmente, suas obras tiveram resistência dos compradores. Em 1970, foi descoberta pelos técnicos e assessores do então presidente da EMPETUR, Eduardo Vasconcelos, que viajavam pelo sertão a trabalho de pesquisa sobre o artesanato pernambucano. Suas carrancas impressionaram e surgiu a oportunidade de participar de varias feiras em Pernambuco e em outros estados brasileiros. As peças de Ana são de aspecto rústico, criadas no estilo próprio da artesã, com formas simples e primitivas. Suas obras exóticas das carrancas misturam as formas de animais e homens; leão, jaguatirica, cavalo, guará e etc. Foi um marco em sua carreira, quando inseriu em suas esculturas furo nos olhos de todas as carrancas, desde então, tornou-se sua marca em homenagem a seu marido deficiente visual. Ana ganhou fama e foi nomeada a Dama do Barro, considerada Patrimônio de Pernambuco e uma das grandes expressões artísticas da cultura popular. Infelizmente, veio a falecer aos 85 anos, no dia 1º de outubro de 2008, vítima de acidente vascular cerebral (AVC) em Petrolina.
Centro de Artes Ana das Carrancas
BR 407, 500 - Cohab Massangano - Petrolina/PE
Contato: (87) 3031 4399
Oficina do Artesão Mestre Quincas
Fundada em 1989, por um grupo de 40 artesãos que se mobilizaram para criar, na cidade, um local para trabalhar, expor e vender sua arte, desde esculturas de madeira, incluindo as famosas carrancas, esculturas em pedra, pinturas e bordados. A oficina abriga as duas principais associações de artesãos do município. No começo, as peças não podiam ser vendidas no local, que era apenas para produção das obras, mas os artistas conquistaram o direito de comercializar seus produtos, através de uma loja que fica no mesmo lugar. O ateliê situa-se num amplo galpão cedido e mantido pela Prefeitura de Petrolina, e são formados por espaços democráticos delimitados para os artistas e divididos em nove áreas, onde cada um trabalha em suas obras. Os visitantes têm a oportunidade de acompanhar o processo de criação, interagir com os artesãos para conhecer suas técnicas e até fazer encomendas das peças diretamente com seus autores. Lá você vai conhecer Roque Gomes Rocha, o Roque Santeiro, que trabalha há mais de 20 anos com madeira, esculpindo anjos, santos e mulheres sensuais em troncos de amburana e Francisco Soares dos Santos, conhecido como Gago, autor de algumas carrancas mostradas na novela Velho Chico, inclusive o ator da segunda fase Irandhir Santos, diz ter se inspirado nas esculturas das carrancas para compor seu personagem o vereador Bento, irmão de Santo. O nome da oficina homenageia o primeiro artesão de Petrolina/PE, Joaquim Correia Lima, apelidado de Mestre Quincas, nascido em 1895 na cidade vizinha de Juazeiro - BA e morreu aos quarenta anos afogado no Rio São Francisco. Frequentou a Escola de Belas Artes de Salvador e destacou-se como chefe de pintura da Leste Brasileira e executou trabalhos importantes na Estação Ferroviária de Petrolina e em outros locais da cidade.
Oficina do Artesão Mestre Quincas
Av. Cardoso de Sá, 11 – Vila Eduardo – Petrolina/PE
Segunda a sábado das 8 às 18hrs. e Domingos das 8 as 12hrs.
Contato: (87) 3864-2069 e (87) 3864-6916
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