terça-feira, 30 de agosto de 2022

Centro de Cultura Negra (Macapá)

Clique no link para assistir o vídeo do desabafo quilombolas

É um centro comunitário de valorização da cultura negra no município de Macapá. Tido como um dos poucos pontos turísticos da cidade, foi criado em 5 de setembro de 1998, com a finalidade de resgatar e preservar o modo de vida, usos e costumes dos descendentes dos escravos africanos, que foram trazidos em 1.765 para trabalharem na construção da Fortaleza de São José de Macapá. Os negros africanos faziam as extrações de pedras de forma desumana, sendo que, alguns chegaram a morrer por doenças como sarampo e malária ou por acidente de trabalho. Outros conseguiram fugir aventurando-se pelo Lago do Curiaú, onde os refugiados fundaram a Vila do Curiaú. Localizada a 8 quilômetros do centro, cerca de 180 famílias vivem na comunidade sendo remanescentes de quilombos, que abriga um grande números de negros na região, dividida em duas partes: Curiaú de Dentro e Curiaú de Fora. Atualmente o local é uma reserva ambiental protegida pela lei estadual n.º 0431 de 1.998. O Centro de Cultura Negra, possui uma área de 7,2 mil m² no bairro do Laguinho, tradicional reduto de afrodescendentes. A instituição surgiu com o pedido da União dos Negros do Amapá, é composto por seis blocos edificados, incluindo um anfiteatro, museu, auditório, espaço afro-religioso, sala multiuso e administração. Além da realização tradicional “O Encontro dos Tambores”, o maior evento dentro da Semana da Consciência Negra. A programação cultural conta com shows de artistas regionais, apresentação de candomblé e umbanda, Missa dos Quilombos, oficinas, seminários, debates e muita música embalada por batuque, sairé, zimba, tambor de crioula e danças do marabaixo, ritmo usado pelos escravos para amenizar o sofrimento nos porões dos navios negreiros. A festa chega a contar com público de 10 mil pessoas por dia.

Infelizmente o Centro de Cultura Negra, vive um momento lamentável de abandono. Em recente visita a instituição, pude comprovar a real situação do lugar, completamente diferente das fotos ilustradas no site, indicado como roteiro turístico da cidade. Já na entrada é possível constatar a falta de capinagem em vários lugares do centro, o museu se encontra fechado para reforma, vários vidros de janelas foram quebrados e sujeira espalhada aos arredores e dentro do auditório, que também falta água e energia elétrica. Segundo informações de representantes quilombolas da cidade, esse descaso administrativo deve-se as questões de interesses políticos da atual gestão do governo e prefeitura. Essa não foi a primeira vez que o centro sofre com a interferência do poder público. Desde o inicio da sua construção, o lugar já era marcada por uma batalha sem trégua pela comunidade negra, que reivindicava o direito de manter o andamento das obras, enquanto o então prefeito da época, Annibal Barcellos, travava uma luta política por causa disso com o governador Capiberibe. Para fortalecer a manifestação, houve uma campanha liderada principalmente pelas mulheres, que entraram na luta armadas de paus enfrentando os fiscais da prefeitura para não derrubarem os tapumes que protegiam o centro. Esta ação trouxe apoio dos moradores do bairro, que através de protestos e abaixo-assinados conseguiram chamar a atenção de personagens famosos da cidade como Sacaca, músicos e intelectuais a aderiram ao movimento para fortalecer os interesses do povo negro em cultivar suas raízes. Sentindo a pressão, o prefeito Barcellos desistiu da briga e a construção prosseguiu. A UNA se instalou no prédio, que foi palco de inúmeras festas e edições do “Encontro dos Tambores”. Vale lembrar, que antes de ser Centro de Cultura Negra o local foi campo de treino do Guarani Futebol Clube.

Rua General Rondon s/n | Laguinho, Macapá
Horário de visitação: Segunda a Sábado das 08:00 ás 18:00e Domingo das 08:00 ás 12:00 hrs

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