terça-feira, 25 de janeiro de 2022

A escrava Anastácia

Símbolo das mulheres negras, cultuada no Brasil como santa e heroína, considerada uma das mais importantes figuras femininas da história, sofrendo como uma das inúmeras vítimas do regime de escravidão brasileira. Sua história começa em 9 de abril de 1740, quando chega na cidade do Rio de Janeiro, num navio negreiro de nome “Madalena”, que vinha da África com carregamento de 112 negros Bantus, originários do Congo, para serem vendidos como escravos em nosso País. Entre centenas de negros capturados em sua terra natal, vinha também toda a família real de “Galanga”, que era liderada por um negro, que mais tarde se tornaria famoso, conhecido pelo nome de “Chico-Rei”, mesmo como escravo conseguiu comprar sua alforria e de outros escravos trabalhando na extração de ouro, na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Da mesma embarcação, estava Delmira, uma jovem formosa e muito atraente pelos seus encantos pessoais, e por ser muito jovem, ainda no cais do porto, foi arrematada em mil réis pelo feitor Antonio Rodrigues Velho. Indefesa, a donzela acabou sendo violentada, ficando grávida de um homem branco. Por ser europeu e loiro, o feitor, seria o responsável pelos olhos azuis de Anastácia, que nasceu no dia 12 de maio de 1741. Dotada de rara beleza, sendo considerada muito bonita desde pequena, Anastácia tornou-se objeto de desejo e obsessão de Joaquim Antonio, filho de Dona Joaquina. A partir desse momento passa a ser assediada de várias formas, inclusive com oferta de dinheiro por sua virgindade, sua formosura e inteligência incomodavam as mulheres e as filhas dos senhores de escravos, que morriam de inveja e de ciúmes de Anastácia. Apesar de toda circunstância, resistiu bravamente o quanto pode, mas após ela ferir o rosto do jovem. Foi ferozmente perseguida e torturada, e violentada sexualmente.

A escrava defendendo sua dignidade dizia: "Nenhum homem branco será capaz de amar Anastácia!" Então, o senhor movido pelo ódio diz: "Negra maldita! Ninguém mais verá a tua beleza!". E manda que se coloque em Anastácia uma máscara em sua boca (máscara de flandres – utilizada nos escravos nas minas de carvão para que não engolissem as pepitas de ouro) e também o colar de ferro dos negros fujões. Anastácia vive assim durante anos, só sendo permitida a retirada da máscara para sua alimentação. Os anos passam e a escrava adoece gravemente, e mesmo antes de morrer ela é capaz de curar o filho do senhor de engenho que tem uma doença pulmonar grave. A seguir a escrava Anastácia morre em 1838 tomada pela gangrena em seu pescoço e boca. Seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário que, destruída por um incêndio, não se teve como evitar a destruição também dos poucos documentos, que poderiam nos oferecer melhores e maiores informações referentes à escrava Anastácia " A Santa ", além da imagem que a história ou lenda deixou em volta de seu nome e na sua postura de mártir e heroína, ao mesmo tempo. Sua história foi recuperada em 1968, quando a Igreja do Rosário, no Rio de Janeiro, fez uma exposição em homenagem aos 90 anos da Abolição e nela estava o retrato pintado de Arago. Neste momento, começou a ser considerada milagreira e hoje tem cerca de 28 milhões de fiéis. Existe um santuário em sua homenagem, em Vaz Lobo, um bairro no Rio de Janeiro.

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