domingo, 20 de fevereiro de 2022

Exposição "Gênesis" Sesc Belem

Por oito anos (entre 2004 e 2011), o fotógrafo Sebastião Salgado - um dos fotógrafos mais prestigiados do mundo - viajou por mais de 30 regiões extremas do planeta, coletando imagens raras de paisagens que resistiram à ocupação humana moderna, dentre montanhas, florestas, desertos, tribos isoladas e animais em extinções. Além de percorrer a Antártica, as ilhas Galápagos, Botswana, Alaska e Canadá, entre outros lugares do mundo. Cada viagem levou cerca de dois anos de planejamento e muitas vezes os transportes foram com a ajuda de aviões de pequeno porte, barcos ou canoas. O projeto ambicioso do fotografo mineiro, consumiu 1 milhão de euros por ano (cerca de R$ 2,6 milhões) que resultou no livro “Genesis” (as imagens foram editadas e desenhadas pela esposa e curadora Lélia Salgado), e uma série de exposições idênticas com 245 fotos em preto e branco cada. Todo o financiamento deste projeto foi através de um fundo montado com ajuda de patrocinadores, como mineradora Vale, além de duas instituições californianas e um grupo de cerca de dez revistas internacionais. O lançamento mundial da mostra aconteceu no Museu de História Natural de Londres em abril. No Brasil, já passou pelo Rio de Janeiro no Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico, com grandes fotografias espalhadas pelos jardins e na parte da museológica. A presidente Dilma Rousseff esteve na abertura. Depois segue para o Sesc Belenzinho, em São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Vitória. Sobre os cuidados e curadoria de Lélia Wanick Salgado, a exposição esta dividida em cinco seções geográficas: Planeta Sul, Santuários, África, Terras do Norte, Amazônia e Pantanal. Os trabalhos em cartaz fazem parte do livro homônimo lançado este ano pela celebrada editora alemão Taschen. Também esta em processo de finalização, um filme com produção de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado (filho do fotografo). A pré-estreia esta prevista em Agosto no Festival de Veneza.

No início de sua carreira, Sebastião Salgado precisou fotografar em cores por obrigação, principalmente quando trabalhava para agências internacionais. Naquela época, recebia muita encomenda de revista colorida, no entanto, não abria mão de revelar seus filmes em preto e branco, uma predileção que dominou o seu trabalho a partir de 1987, quando lançou as últimas fotos coloridas, embora, Sebastião esclareça que ainda são em cores, e só no processo de revelação é que se torna preto e branco. Através de suas lentes, enxergamos imagens fascinantes que são praticamente inacessíveis ao olhar humano, suas viagens exploram regiões que pouquíssimos conseguem chegar. Esse compartilhamento de experiência vivido por Salgado em seus trabalhos, nos da uma dimensão muito maior do ecossistema e transformações pelo mundo. Mais do que mostrar belíssimas imagens - que chega a parecer pinturas – o real objetivo de Sebastião Salgado é provocar a reflexão sobre as questões políticas, sociais e econômicas que retrata, o modo como ele realiza este trabalho e o impacto que ele causa nas pessoas, levam-no ao status de artista contemporâneo. Além do caráter de denúncia, resgata a dignidade humana e presta homenagem aos personagens retratados. Essa sensibilidade valoriza ainda mais a sua arte, porque passamos a observar melhor cada detalhe do quadro em exposição, muito além somente da simples visualização. Imagine ficar meses ou anos distantes do seu conforto para se aventurar em lugares inexploráveis, sentir o frio e calor em densidade desumana, conviver com animais selvagens e tribos que nunca tiveram contato com a civilização. Apesar de todo esse perigo ao extremo, vale destacar as paisagens encontradas a milhares de distancia, mesmo em preto e branco as fotos contemplam a beleza do nosso planeta.

Sebastião Salgado

Nasceu em 08 de fevereiro de 1944, na cidade de Aimorés, estado de Minas Gerais. Obteve o mestrado em Economia pela Universidade de São Paulo, em 1968, e tornou-se doutor pela Université de Paris, em 1971. No mesmo ano, começa a trabalhar na Organização Internacional do Café, em Londres e durante viagem à África, como coordenador de um projeto sobre a cultura do café em Angola, Salgado descobre seu interesse pela fotografia como forma de retratar e denunciar a miséria e os problemas sociais no mundo e decide abandonar a carreira de economista em 1973. Os primeiros anos como fotografo são marcados por grande engajamento político. Em 1974, começa trabalhando em missões de notícias para a agência de fotografia Sygma e em seguida a Gamma. Já em 1979, ingressa na prestigiada agência Magnum, na qual chegou a presidir e permaneceu até 1994, ano em que criou, com sua esposa Lélia Wanick Salgado, a Amazonas Imagens para representar seu trabalho. Realiza viagens pela América Latina, entre 1977 e 1984, documentando as condições de vida dos camponeses e dos índios latino-americanos, que divulga no livro Autres Ameriques, de 1986, tornando-se mundialmente conhecido. Além deste, publicou outros livros com reuniões de fotos: Trabalhadores (1996), Terra (1997), Serra Pelada (1999), Outras Américas (1999), Retrato de Crianças do Êxodo (2000), Êxodos (2000), O Fim do Pólio (2003), Um incerto Estado de Graça (2004), O Berço da Desigualdade (2005). Sebastião Salgado foi internacionalmente reconhecido e recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo pela realização do seu trabalho. Chegou a viajar em mais de 100 países para os seus projetos fotográficos questionando o desequilíbrio econômico entre países ricos e pobres. Reside em Paris desde 1960 com a esposa e tem 2 filhos, apoia atualmente um projeto de reflorestamento e revitalização comunitária em Minas Gerais.

EXPOSIÇÃO "GÊNESIS" – SEBASTIÃO SALGADO
Sesc Belenzinho – Rua Padre Adelino, 1000
Terça a Domingo, das 10 às 21 hrs  (Visitação 5 de setembro a 1º de dezembro)
(11) 2076-9700 - Entrada gratuita

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