Foi em 2004, durante uma conversa com o meu amigo e professor de inglês Oscar “Teacher” Santos (que indiretamente se tornou meu mentor intelectual), falávamos sobre a minha preocupação com o nascimento da minha filha Marcelle e a forma como eu poderia ser um bom pai, oferecendo melhores condições de vida pra ela e não passar pelas necessidades que passei. Sabiamente Oscar usou as seguintes frases “o maior legado que você pode deixar para a sua filha é o conhecimento, este valor ninguém vai tirar dela… não se preocupe com bens materiais”. Na hora não tinha entendido, mas essa frase ficou martelando na minha cabeça por dias, até que parei para refletir sobre a minha vida e começou a ter todo o sentido pra mim. Eu teria que ser a melhor referência para a minha filha, também tinha que mudar meu comportamento e atitudes para evitar mal exemplos dentro de casa. O ponto de mudança mais importante pra mim, foi entender esse processo de transformação... para educar, eu teria que me reeducar e saber como cobrar as coisas certas, jamais impor algo que eu não tivesse vivenciado aquela situação. Com certeza, as minhas palavras teriam mais autoridade para cobrar, o que é certo ou errado na educação da minha filha, sem a possibilidade dela me contestar. Já que eu venho de um aprendizado de rua, considerado a melhor base de formação na vida de qualquer ser humano. A Marcelle sendo primeira a nascer, eu tinha que me preparar psicologicamente, então, comecei a ficar mais atento em sua volta e na medida que ela crescia, fui percebendo que os novos tempos eram bem mais complicados. A modernidade da época trouxe uma nova realidade, que fez perder certos valores da inocência infantil, com o uso do celular passou a ser objeto de desejo das crianças e as músicas infantis, foram substituídas pelo Funk Carioca e Pancadão, que dominavam rapidamente o gosto musical popular.
Essa foi a minha primeira preocupação cultural, pois, sou amante da boa música de qualidade, e não queria ver minha filha, ouvindo este tipo de som com letras pesadas e obscenas. Infelizmente, com a falta de atenção de muitos pais, tornava-se normal os filhos tocar palavrões dentro das casas e tive receio das amigas maltratarem a Marcelle, pela forma diferenciada que á educávamos, sem ter acesso a nada que não contribuísse na sua formação. Então, acreditei no meu entendimento musical e filmes, como forma de conscientizar e nivelar, o conhecimento cultural dos amiguinhos e amiguinhas da minha filha. Pedi autorização dos pais e todos os sábados na minha casa, aplicava atividades de relaxamento ao som de músicas clássicas, e depois passava filmes para discutir as interpretações das cenas e atuação dos atores. Isso durou menos de dois meses, no começo tinha dez crianças e logo depois ficou somente uma, que vinha obrigado pela mãe, acabei desanimando com a falta de incentivo e participação dos pais. A partir deste momento, pensei em parar de ficar me preocupando com os filhos dos outros, porém, queria continuar de alguma forma com a atividade de conscientização sobre a cultura da música. Então, comecei a enviar nos e-mails de amigos, dicas musicais através do nome Dos Anjos - Música & Etc… (Dos Anjos é meu sobrenome), falando sobre discos de Blues, Jazz, Rock entre outros gêneros, e um grande amigo Marcelo Passos (trabalhamos na empresa Auto Suture), sugeriu pra mim abrir um blog e fazer postagens para deixar acessível a qualquer pessoa que buscasse o assunto e também me incentivou a fazer entrevistas com os produtores e os artistas para saber mais sobre as produções dos álbuns nacionais. Achei bem desafiador e logo comecei a rascunhar algumas ideias até chegar no novo formato de divulgação com o nome Projeto Attitude! – Música, Cultura & Etc… (escolhi atitude porque me identifiquei com a palavra e escrito em inglês ficou sem perder a pronuncia em português).
Ainda pensando em qual caminho deveria seguir, abri uma pequena loja de CD’s e DVD’s, com o nome de Casa da Música – Aúdio & Vídeo ambiente parecido de uma sala e que fosse um local para falar sobre músicas, infelizmente só durou apenas 3 meses, devido a forte concorrência da pirataria. Sem ter muito o que fazer, me encontrava com o Oscar no Bar do Mica, e em nossas conversas ele foi me despertando para o universo da educação, cultura e arte, enquanto no paralelo já fazia minhas doações para moradores em situação de rua, foi quando descobri minha vocação de ajudar as pessoas e resolvi juntar essas questões sociais e culturais para contribuir por uma sociedade melhor e ao mesmo tempo trazer conhecimento para as pessoas das regiões periféricas, e que pudessem se conscientizar com o objetivo de fazer valer seus direitos por melhorias em suas vidas. Novamente mudei o formato de ações do meu trabalho, que passa ter o nome oficial e definitivo de Projeto Attitude! - Educação, Cultura & Arte e mais o lema “Fazendo Acontecer…”, era um caminho de ida e sem volta. Estava decidido a encarar os mais diversos desafios para ser contribuição, principalmente na comunidade que tem uma carência intelectual muito grande, passando de geração a geração, seja pelo desinteresse político que não quer eleitores formadores de opiniões, sendo uma massa manipulavel da população para conseguir votos a troco de promessas mentirosas. Como também a falta de perspectiva de vida, as vezes sobrevivendo em condições precárias, esperando ajuda de doações. Foi com a proposta de transformação de vidas, que surgiu o Projeto Attitude!, começando com a minha preocupação ao nascimento da minha filha Marcelle para vivenciar um mundo melhor em sua volta e no direcionamento das palavras do meu amigo, irmão e mentor intelectual Oscar “Teacher” Santos, e para ficar registrado o surgimento do Projeto Attitude!, considero a data de nascimento da minha filha 24/04/2003.
Vejam mais fotos...
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