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Pedra do Ingá
Em sentido oeste da Paraíba, a 109km de João Pessoa, localiza-se no município de Ingá o primeiro monumento arqueológico tombado como patrimônio nacional em 1944: trata-se de um grande valor histórico e turístico conhecido como Pedra do Ingá. Identificado pelos arqueólogos como "Itacoatiara", o que em tupi-guarani significa: itá ("pedra") e kûatiara ("riscada" ou "pintada"). O bloco rochoso possui desenhos gravados em baixo-relevo que guarda enigmas sobre os primeiros habitantes do Brasil. A pedra esta situada à margem do riacho Bacamarte, mede 24m de comprimento e 3,8m de altura. Os símbolos esculpidos no painel com apurada técnica na enorme pedra, refletem uma cultura gráfica de várias formas que lembram figuras humanas e animais; linhas onduladas remetem ao movimento das águas; também são observadas muitas estrelas agrupadas que se assemelham com a constelação de Órion. Não se sabe quem e por quais motivos, foram feitas as inscrições nas pedras que compõem o conjunto rochoso. Já foram apontadas diversas origens, e há muitos que defendem que a Pedra do Ingá tenha origem extraterrestre. Porém, até hoje, não foi possível afirmar de forma conclusiva quem foram os autores dos sinais na pedra, de forma, que o sitio arqueológico é historicamente marcado pelo sensacionalismo. Nenhuma teoria que envolva testemunhos do passado pode-se considerar definitiva. Quanto mais estudado o objeto, mais enigmático e complexo o estudo se torna, um verdadeiro mistério que encanta e impressiona qualquer pesquisador ou visitantes. Infelizmente o local recebe poucos recursos de órgão públicos e pouco é feito para preservação deste patrimônio arqueológico.
Vanderley de Brito
O historiador e arqueólogo é atualmente um dos maiores pesquisadores da pré-história paraibana. A grande maioria dos escritos se utilizam de métodos e teorias sensacionalistas, que pouco contribuem ao estudo da pedra mais famosa do Brasil. Vanderley defende em seu livro “A Pedra do Ingá” que as inscrições teriam sido feitas por comunidades indígenas que chegaram habitar a região em séculos passados. Em nenhum lugar do mundo existe um conjunto rupestre tão bem elaborado quanto a Pedra de Ingá. Por isso, o autor tem dedicado há mais de uma década ao estudo da cultura petróglifa (são gravuras geometrizadas e representações simbólicas, geralmente associadas, que registram fatos e mitos, gravados nas rochas). Suas pesquisas em busca de esclarecimentos para entender as misteriosas mensagens, que foram formadas por objetos de corte manual para esculpir os sinais na rocha, há cerca de 6.000 anos. Não se sabe a data exatamente das inserções, pois o mural está numa área fluvial onde não há vestígios orgânicos nem utensílios cerâmicos, objetos ou tecidos com desenhos semelhantes àqueles encontrados na rocha. A pedra fica exposta ao sol, ao frio, à chuva e às cheias do riacho. Tudo isso desgasta a camada superficial da rocha, apagando lentamente a história dos habitantes nessa região. Além disso, certas ações realizadas há menos de um século dificultam, hoje em dia, a descoberta de mais informações acerca das intrigantes inscrições rupestres. Na década de 1950, algumas pedras com desenhos esculpidos, próximas da rocha principal, foram destruídas para se transformar em paralelepípedos destinados à pavimentação das ruas da capital paraibana. A preservação desta história é de grande responsabilidade não só dos governantes, mas principalmente da população da cidade e daqueles visitam o local.
Museu de história natural
No trajeto a famosa pedra, passamos por dentro do município de 20 mil habitantes até chegar à estrutura montada para receber os visitantes. Um complexo simples composto por uma pequena praça, estacionamento, restaurante, prédio de apoio, guia, casa de artesanato e um museu criado em 1996, fundado e organizado pela historiadora e paleontóloga Mali Trevas. Este espaço tem o intuito de criar o mínimo de estrutura para atrair o público, que buscam conhecimentos sobre o acervo arqueológico, paleontológico, faunístico, florístico, espeleológico e geológico da região de Campina Grande e do estado da Paraíba. Embora modesto, o museu possui em suas dimensões diversos fósseis de animais extintos há mais de 10 mil anos. Por exemplo: Eremotherium (Preguiça-gigante), cuja altura atingia até os nove metros. Os ossos deste animal, que em altura superavam até algumas espécies de dinossauros. Temos partes de fósseis de Toxodonte (parecido com os atuais hipopótamos), Pampatherium (Tatu-gigante), encontrados em tanques pleistocênicos na região de Ingá, ossos de baleia Cachalote encontradas em Tambaba. No fundo do salão, um painel pintado por Vanderley de Brito, que mostra um cenário fictício dos animais pré-históricos. Na área externa, encontra-se a principal atração conhecida como a Pedra do Ingá, um verdadeiro achado de incontestável valor científico, que tem atraído a atenção de renomados estudiosos de todo o mundo. No ano de 2013, entrou para o RankBrasil (livro dos recordes brasileiros) sendo o primeiro monumento arqueológico tombado como patrimônio nacional em 30 de novembro de 1944 pelo extinto Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN). Também virou cenário de quadrinhos do cartunista Mauricio de Souza, que tem o personagem Piteco.
Paêbirú
A Pedra do Ingá serviu de inspiração e foi registrada no disco de vinil: Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol, lançado no ano de 1975 pelos músicos Lula Cortez e Zé Ramalho. O disco possui temas com músicas esotéricas e ritmos regionais do nordeste, considerado um clássico psicodélico do pós-tropicalismo que, além de acústicos destacam-se músicas como: “Nas paredes da pedra encantada”, “Pedra templo animal” e “Trilhas de Sumé”, todas dedicadas à Pedra do Ingá. No decorrer da criação do disco, a variedade de lendas sobre Sumé (entidade mitológica em que os indígenas acreditavam antes da colonização). Todas as composições são dos próprios músicos, que contou com a contribuição de outros músicos renomados Alceu Valença e Geraldo Azevedo. O álbum é duplo com onze faixas e dividido em quatro lados, e cada um é dedicado a um dos quatro elementos da natureza: Terra, Ar, Fogo e Água. São usados sons de guitarra elétrica distorcida, órgão, berimbau, baião, harpas, sax, violas e demais sons. A parte gráfica do disco ficou por conta de Katia Mesel, então esposa de Lula Côrtes. O álbum teve prensagem única de 1.300 exemplares. Destes exemplares, em torno de 1000 se perderam em uma enchente que ocorreu em Recife em 1975. Junto com os exemplares perdidos, também foi destruída a fita máster. Apenas 300 cópias que se salvaram e hoje tem um valor comercial mais valioso do Brasil. Bem conservado, um disco da edição original vale em torno de 4 mil reais, desbancando “Louco por Você” de Roberto Carlos. Foi relançado no ano de 2005 em vinil e CD na Europa pelo selo Mr. Bongo. Só foi relançado em CD no Brasil em 2012.
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