quarta-feira, 15 de junho de 2022

Entrevista com Moisés da Rocha

Produtor, pesquisador e apresentador do programa de rádio, mais importante da preservação e divulgação das raízes culturais afro-brasileiras. Para quem ainda não conhece a importância do radialista Moisés da Rocha, ele é um dos principais divulgadores do samba, soul, funk, samba-rock e, mais tarde, do rap no Brasil. Nascido na cidade de Ourinhos, interior do Estado de São Paulo, Moisés da Rocha, já sonhava um dia ser cantor. Ele teve seus primeiros contatos com a música ainda criança, ouvindo rádio e acompanhando os pais nas festas populares da cidade. Ensaiou no coral da Igreja Metodista e no Carnaval, juntamente com seu irmão participavam do Bloco da Oncinha como ritmista. Aos 15 anos, mudou-se com a sua família para capital, no bairro da Barra Funda. Em pouco tempo já estava envolvido nas rodas de samba de Pirituba, bairro da capital paulista. Foi no ano de 67, que Moisés da Rocha descobriu sua vocação para locutor através do seu timbre de voz e decidiu dedicar-se a música, buscando inicialmente uma oportunidade ligando para a rádio Cometa. Embora não tenha cursado jornalismo e nem de rádio (somente fez radiotelegrafia). Chegou a trabalhar em mais de uma emissora e já acumulava experiência como radialista. Em 1977, recebeu uma proposta que mudaria a sua carreira profissional. André Casquel Madri o chamava para integrar a equipe da recém-inaugurada Rádio Universidade de São Paulo (USP-FM). A emissora, revolucionou com uma programação mais voltada para a música negra (especificamente o samba), com uma grade para a população da periferia. Deve-se considerar que a estreia do programa ocorreria em 1978, em pleno período intolerante do regime militar e é neste momento que surge “O Samba Pede Passagem” (o nome do programa foi “emprestado” do musical apresentado por Ismael Silva e Aracy de Almeida, em 1966).

Com uma trajetória de 50 anos de carreira e 39 anos de história do “O Samba Pede Passagem”, Moisés da Rocha, se tornou em um dos locutores mais ouvidos de São Paulo, sendo o grande responsável pelo programa se tomar numa marca consagrada pelo público, respeitada entre os sambistas e premiada várias vezes pela crítica especializada. Apesar da consagração, o programa já passou por momentos difíceis para sua continuidade. Foram anos de resistência buscando espaço no meio de comunicação. O programa “O Samba Pede Passagem” chegou a passar por um processo de reformulação e seria retirado do ar, por não estar de acordo com a nova filosofia da emissora. Moisés da Rocha informa que esta não foi a primeira vez que a carga horária do programa sofre alterações, o programa era veiculado aos sábados e domingos, e depois passou a entrar no ar apenas aos sábados, sempre a partir do meio dia. Felizmente, assim que a noticia começou a repercutir sobre a indefinição do futuro de “O Samba Pede Passagem”, um abaixo assinado virtual passou a ser compartilhado pelas redes sociais e o público comovido com a situação, começou a compartilhar o post com a hashtag: #FICASAMBAPEDEPASSAGEM, a fim de manter a permanência do programa. Inclusive teve apoio até dos poderes públicos, a deputada Leci Brandão entrou também em defesa do samba questionando o porquê da USP estar diminuindo o espaço dedicado a maior expressão cultural da música negra. Felizmente a polêmica não seguiu adiante e a força do povo fez valer a preservação do programa sendo transmitido normalmente aos sábado e também aos domingos com a novidade de inserir o chorinho em seu espaço musical. Agora sim podemos comemorar e desejar vida longa a um dos principais programas de rádio do país.


O SAMBA PEDE PASSAGEM
Sábados e Domingos das 12h00 às 14h00 - Rádio USP FM 93,7 MHz.
Domingos das 13h00 às 15h30 - Rádio Capital AM 1040 MHz.

Vejam mais fotos…





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