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Em pleno período da ditadura, no dia 6 de março de 1968, o estádio do Pacaembu foi palco de uma das partidas mais emocionantes da história do futebol, um verdadeiro clássico alvinegro, em jogo valido pelo Paulistão, o torneio mais importante da época. Depois de 11 anos, considerando 22 partidas sem ganhar do rival – somente em confrontos validos pelo Campeonato Paulista - o time do Corinthians, finalmente vence e quebra um tabu que vinha desde 1957, quando o Timão conquistou a Taça dos Invictos e jogou pela primeira vez contra o Rei Pelé. Mesmo não sendo um jogo final de campeonato (logo depois vencido pelo próprio Santos), O Corinthians entrou em campo com: Diogo, Osvaldo Cunha, Ditão, Luis Carlos, Maciel, Edson Cegonha, Rivelino, Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo, com a difícil missão de superar, até então, o imbatível time do Santos com: Cláudio, Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Joel, Rildo, Lima, Negreiros, Kaneko, Toninho Guerreiro, Edu e Pelé. O Santos contava com uma base muito melhor, porém o time da raça ganhou o jogo por 2 X 0, com gols de Flavio e Paulo Borges, fazendo a alegria contida da fanática torcida corintiana, que lotava toda dimensão do estádio do Pacaembu. Ao final da partida, torcedores loucos e apaixonados invadiram o campo e carregaram seus heróis, como se tivessem conquistado um título, gritando e cantando: "Com Pelé, com Edu, nós quebramos o tabu" e “um, dois, três, o Santos é freguês”. A cidade de São Paulo, literalmente parou para comemorar esse grande feito. Apesar da torcida eleger Paulo Borges, como herói do jogo devido a sua importância pelo segundo gol, o grande destaque da partida foi o quarto-zagueiro Luiz Carlos, que fez uma marcação implacável em Pelé, inclusive sendo elogiado e reconhecido pelo próprio Rei, como um dos melhores marcadores que enfrentou. Vale ressaltar que esse foi o primeiro jogo do defensor corintiano contra o time da Vila Belmiro.
Mesmo atuando sobre pressão para a quebra do tabu, o então garoto Luis Carlos, não se intimidou e foi brilhante em campo. Jogador de estilo clássico, Luis Carlos Galter – seu nome de batismo – começou sua carreira com 15 anos nas categorias de base do Corinthians. Passou pelos infantis, juvenis e aspirantes onde foi tricampeão 1965/66/67, logo em seguida subiu para o time principal. Era um atleta muito dedicado, jogava com tamanha vontade, que logo se tornou querido pela torcida e um dos lideres do time corintiano. Muitas vezes foi escolhido como o melhor quarto-zagueiro do Corinthians de todos os tempos. Defendeu o time profissional alvinegro de 1967 a 1974, e no mesmo ano se transferiu para o Flamengo contra sua vontade, pois queria encerrar sua carreira no time do coração. Também se destacou no rubronegro sendo campeão carioca daquele ano. Além dos dois maiores times do Brasil, Luiz Carlos, atuou no Operário de Campo Grande, em 1975, onde foi campeão sul-matogrossense e encerrou sua carreira em 1976, como campeão paranaense pelo Coritiba. Pela seleção Brasileira, teve raríssimas oportunidades, chegou a ser convocado para participar da Copa de 1970, mas jogou apenas uma partida, pois, acabou sofrendo uma contusão no joelho e ficou dois meses parado. Em 1974, vivia um bom momento na carreira atuando pelo Flamengo, quando foi escolhido como o melhor quarto-zagueiro do campeonato carioca. Mas como já havia brigado com o técnico Zagallo, acabou não sendo “lembrado” na lista dos jogadores convocados para a Copa na Alemanha. Encerrado seu ciclo como atleta de futebol, Luiz Carlos, resolveu continuar sua paixão pelo esporte, dedicando-se ao ensinamento para crianças em sua escolinha de futebol. E quando recebe convites para jogar com os amigos, não exita em participar de uma “pelada” mostrando toda sua experiência. Mesmo depois de operado, após passar mal com o coração acelerado.
Foi através do amigo Oscar “Teacher” Santos, que conheci pessoalmente o Luiz Carlos, em Maio de 2010, numa padaria localizada na Av. Rebouças, Zona Oeste de São Paulo. Conversávamos sobre sua vida esportiva, quando lhe fiz um convite, para participar de um evento socioesportivo, na comunidade do Parque Fernanda, onde ele seria homenageado pelas as crianças que freqüentam o campo e aproveitando toda sua experiência não só no esporte, como também de vida, ilustrar a realidade para os garotos, que ainda acreditam ser o futebol o único caminho para sair da pobreza. Simpático desde o começo, logo se mostrou interessado e se colocou a nossa disposição. Inicialmente a primeira data agendada para o evento, foi adiada devido a chuva e na segunda data, o homenageado Luíz Carlos fez presença no campo varzeano do Parque Fernanda, sendo recepcionado por mais de 60 garotos do Projeto Sócio Esportivo Toque de Letra, teve faixas, tiros de rojões e muitas palmas ao dono da festa. As crianças ficaram felizes ao lado do ex-jogador que sequer ouviram falar, mas souberam naquele momento a importância dele. Conforme programação do dia, preparamos algumas atividades esportivas no campo, palestras, sessão de autógrafos e fotos que fizeram a alegria da garotada, também visitamos determinados locais da comunidade e encerrando a sua vinda, preparamos um churrasco na minha residência, juntamente com os familiares e organizadores da festividade. O maior objetivo de organizar este evento, foi de conscientizar as crianças e os jovens sobre as mazelas nos bastidores do futebol. Por isso, foi de grande importância à participação do Luiz Carlos, em nossa festividade. Mostrando a realidade vivida dentro do futebol, e como foi às dificuldades que encontrou para vestir e honrar a camisa dos clubes por onde passou, numa época que se jogava por amor e não somente por dinheiro.
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